quarta-feira, 17 de julho de 2013

Um dia você estará do outro lado...

Certa manhã de domingo ela sai de casa dirigindo seu possante (um carrinho popular, parcelado em suaves prestações para pagar a perder de vista).
Foi à feira pela segunda vez naquela manhã em missão doméstica: comprar frutas e legumes a pedido da mãe. Como tem pressa, vai achando um jeito de estacionar naquela ‘muvuca’ que é a feira, gente passando, feirante gritando, flanelinhas espreitando, criança, cachorro, barulho, correria, calor e movimento. Tinha já achado uma vaguinha que parecia reservada para si e acelerou na direção da mesma.

Imagem fonte:

Acontece que outro veículo atravessou na frente em sentido oposto empatando-lhe a passagem. Até aí tudo bem, só que um terceiro elemento cismou de querer passar para o outro lado criando um impasse em forma de ‘T’. Havia pouco espaço para dois carros ali, imagina para três!
Ela resolveu abrir espaço recuando um pouco. Engatou a ré de seu carrinho popular e o deslocou por alguns metros. Era gente passando, feirante gritando, flanelinhas espreitando, criança, cachorro, barulho, correria, calor e movimento. Ela, agoniada com o calor, queria só sair dali o quanto antes, quando ouviu apenas o barulho seco e a buzina do motorista opositor tentando fazer com que ela parasse o veículo. Um pouco tarde.
O seu ‘possante’ tinha encostado na traseira de um quarto veículo que estava estacionado ali perto. Afff!
Não bastava aquela gente passando, feirante gritando, flanelinhas espreitando, criança, cachorro, barulho, correria, calor e movimento, agora ela ia se ferrar! Desceu do carro transpirando mãos e pés, suando frio. Veio um cidadão alto e forte perguntando: ‘não viu meu carro, não, moça? E ela franzina e mirrada: ‘vi não, moço, tava prestando atenção no outro carro ali’ e o altão: ‘não viu?! um carro dessa cor?!’ (o possante dele era amarelo Ferrari; pensa!...). E ela: tô te falando, moço, tava no ponto cego aqui...’e ele foi dando a volta no carro e olhando o estrago.
E ela foi recuperando as forças, dando a volta no carro e reparando que, para sua sorte, não tinha amassado nada! Só um arranhãozinho na pintura. Ufffaaa!
Daí que o grandão disse: isso sai com um polimento (...); mas você não enxergar um carro dessa cor! (...).
Daí que ela se desculpou e voltou pro seu ‘possante’. Ainda era gente passando, feirante gritando, flanelinhas espreitando, criança, cachorro, barulho, correria, calor e muito movimento. Mas agora ela nem queria mais estacionar, queria era ir embora. Os outros dois carros, os do ‘T’, já tinham vazado...rapidinho acharam meio de abrir caminho e passar! Ela agradeceu mil e uma vezes ao seu anjo da guarda (que pelo visto era mais forte, mais alto e mais bravo que o do grandão) e arrancou dali com o seu ‘possante popular’. Foi para casa e esqueceu o ocorrido.


Imagem fonte: http://prisaosemgrades.blogspot.com.br/2012/02/cuidado-com-meu-guarda-costa-1980-my.html

(...)
Dias depois ela tinha acabado de estacionar em frente à farmácia onde compraria uns remédios. Estava desligando o som do seu ‘possante’ quando ouviu um som seco e sentiu uma pancada na traseira do seu carro. Fechou os olhos por um segundo só, olhou pela janela do carona e viu um carro de cor preta parar na vaga ao lado, depois de atingir a traseira do ‘possante popular’. 
Ela só pensava em ver o estrago. Desceu do carro e acompanhou duas pessoas descerem do outro veículo. O motorista aflito, perguntou: ‘tudo bem aí’? ‘Bem, nem tanto’, pensou.
Mas de imediato se lembrou do incidente com o carro amarelo Ferrari. Deu a volta e percebeu que, para sua sorte, não tinha amassado nada! Só um arranhãozinho na pintura. Disse assim: ‘tudo, tudo bem (...); isso aí sai com um polimento’.
Então entrou na farmácia, comprou os remédios e foi para casa.
By M@riBlue.

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