quarta-feira, 3 de julho de 2013

Lista de Possíveis Soluções para os Cuidados com a Mãe

Recentemente eu e meus irmãos nos reunimos para decidir como cuidaríamos de nossa mãe idosa, na verdade nem tão idosa assim, mas debilitada pelo tempo e pelas lutas travadas em prol da vida e da sobrevivência. Refletindo sobre o assunto nasceu essa

Lista de Possíveis Soluções para os Cuidados com a Mãe

Tarefa delicada essa...
Juro que gostaria de listar uns sete, dez no máximo, itens que pudessem trazer de volta a alegria de viver da nossa mãe.
Infelizmente não sou capaz.
Só quero registrar que um dia desses aí qualquer eu olhei pro rosto dela e enxerguei: o tempo estava ali, implacavelmente marcado. Sem dó ou rodeio. O relógio já havia feito todas as suas voltas, todas elas.


Parei pra refletir e pra pensar em que momento foi que aquela ruga se instalou ali, em que dia aquele fio branco nasceu, em qual mês a magreza marcou presença, em que minuto a fragilidade se apropriou daquele corpo outrora tão forte e tão destemido.
Fiquei pensando em quantas vezes, em quantos momentos, em quais atos, omissões ou expressão da minha vontade eu tenha colaborado para a construção esse quadro tão angustiante e, por que não dizer, assustador.
Na verdade percebo, que não importa o que eu tenha feito ou deixado de fazer. O tempo é assim mesmo. A ação dele na vida e sobre a vida é inexoravelmente determinante.
Mas voltemos aos fatos.
O fato é que a nossa mãe é uma mulher que está olhando a vida do alto dos seus 75 anos. Percebo que é um olhar de quem conhece. Mas é um olhar de quem já viveu, de quem já pelejou, de quem já sofreu um bocado.
É uma mulher que se anulou completamente em função dos filhos. É uma mulher que aprendeu uma única coisa na vida: CUIDAR.
Estar a serviço foi a coisa que essa mulher fez a vida inteira. O tempo inteiro. E o seu discurso e a sua ação e a sua fala foram sempre ao encontro dessa bandeira que ela levantou talvez por falta de opções.
Por isso ela sempre fez o que pôde. E o que não pôde. Para agradar. Para não desagradar.
E acho que nesse trilhar ela esqueceu ou abriu mão de algumas coisas importantes. Entre essas coisas, percebo uma, que agora faz toda a diferença. Acho que ela ESQUECEU DE SER FELIZ. Sinceramente, nem sei se ela sabe exatamente o que é isso, ou como se faz isso. Ou se tem direito a isso.
Sei que agora ela poderia estar muito bem, sentindo-se vitoriosa e aproveitando um pouco a pouca vida que lhe resta. Mas ACHO EU  que ela nem sabe como.
Acredito eu, honestamente, que o nosso papel de filhos nesse momento seja o de descobrir como ajudá-la a ser feliz. Perguntei-lhe um dia: mãe o que te faz feliz? Acho que ela não sabe. Nem nós. Mas podemos tentar descobrir juntos. E de que forma faríamos isso???
Simplesmente ouvindo com atenção e cuidado as suas vontades, tentando entender o que ela ainda quer da vida, deixando-a à vontade, e, principalmente, PERCEBENDO AS SUAS LIMITAÇÕES FÍSICAS E EMOCIONAIS.
Vai almoçar com ela? Almoçar fora, talvez ela não curta muito, não viu? A coisa que ela mais gosta é da casa dela. Vai lá em casa então. Chega bem cedo. Vai à feira com ela. Compra os ingredientes e prepara você mesmo uma refeição pra ela. Ou prepara uma refeição com ela.
Se não quiser ou não puder almoçar, passa no fim da tarde e vai à missa com ela. Tenha certeza de que ela vai adorar. Se não quiser ir à missa aparece em casa e se oferece pra rezar o terço com ela. Vinte minutinhos, no máximo, trinta. Mas o efeito poderá ser poderoso. Acredite! Ela vai gostar também se você levar as crianças sempre que puder, mas aquela passadinha rápida, pras crianças tomarem a benção e ganharem uns afagos. Tá suficiente. Aparecer de surpresa para um café, com o pão e os brioches na sacola, também fica bom.
Acho que ela só precisa mesmo é se sentir amada, querida, valorizada e reconhecida. Diariamente, cotidianamente, regularmente, constantemente, diuturnamente.
Acho que para isso não precisa grandes movimentos ou escalas revolucionárias, não.
Basta MANTER O INTERESSE NELA DA MANEIRA MAIS DESINTERESSADA QUE PUDERMOS.
Por que foi exatamente isso o que ela fez por nós a vida inteira.
Acredito que chegou a nossa hora de retribuir.

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