segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Nasce um leitor!


Interessante como as coisas acontecem, sem que estejamos esperando, sem que as provoquemos ou as planejemos. De repente, o sobrinho Renato aparece em casa com um livro - o seu primeiro - nas mãos, em processo de leitura. A mãe diz que foi um dos presentes de amigo oculto e que depois de aberto não mais fora deixado de lado. Achei o máximo. E como não poderia deixar de ter parte nessa maravilhosa descoberta, após o almoço lemos juntos - tia e sobrinho - um capítulo (ou mais) do primeiro livro lido na íntegra por Renato. Tive a felicidade de compartilhar desse momento mágico em que nasce um leitor! É algo inexplicavelmente inexplicável... 
Fonte da Imagem: http://projetosnow.blogspot.com.br/2009/05/um-menino-entre-livros.html.
Líamos parágrafos alternados e depois da visita o sobrinho se foi com o livro. Agora se tratava de seu mais novo e inseparável amigo. Lembro que na ocasião conversamos sobre leituras e Renato me perguntou quais os livros que eu havia lido e nunca esquecido. Disse a ele quatro ou cinco títulos marcantes, entre os quais Clarissa, Viagem à Aurora do Mundo, O morro dos Ventos Uivantes, Orgulho e Preconceito, A Cabana e O Caçador de Pipas. Encerramos a conversa e dias depois, quando nos reencontramos na noite de Natal fui sabendo das suas novidades literárias: Renato terminara a leitura. E já começara uma nova! A mãe me contou que o pedido de presente de Natal foi uma lista de livros! E para minha surpresa na lista estavam alguns títulos dos livros que mencionei naquela conversa inicial. Sorri, entre surpresa e preocupada - será que são livros adequados para a sua idade? Depois de alguns comentários sobre 'as orelhas' de alguns títulos, e da naturalidade e desenvoltura com que Renato encarou o assunto central de um deles, simplesmente desencanei. O postulado de Ranganathan(*) que diz que 'para cada livro o seu leitor'  e 'para cada leitor o seu livro' é essencialmente aplicável nesse caso! Bem, estando já bastante satisfeita com os avanços literários do pupilo, surpreendo-me um pouco mais em meio à nova conversa sobre os temas dos outros livros, e da qual a mãe dele não fez parte, Renato me solta a seguinte pérola: 'Veja só o que dá não ler; nem pode participar da conversa'! 

Essa fala do mais novo leitor do pedaço dispensa quaisquer comentários...

By MariBlue.

(*) Mencionado por um amigo Bibliotecário, Ranganathan foi um matemático e bibliotecário indiano. Sua principal contribuição ao campo da ciência da biblioteca é o desenvolvimento do primeiro sistema de classificação analítico-sintético, a classificação dos dois pontos (Fonte: http://www.somatematica.com.br/biograf/ranganathan.php).

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Não me repito

Adicionar legenda
Eu me escondo.
Espero que me encontrem, jóia preciosa, em meio às bijuterias disponíveis.
E espero que ressaltem meu grandioso valor, beleza e raridade.
Me escondo dos outros. Mas sei o que sou.
E sei que sou coisa muito boa, de qualidade.
Mas não me mostro para quem não tenho intimidade.
E intimidade é para poucos na minha vida.
Por vezes escondo o que há de melhor e de pior em mim.
Disfarço minhas inseguranças no modo como me visto e na maneira como me expresso.
Sou recatada e sou polida. Sou prolixa.
Me refugio nas artes e na escrita.
É nessas duas modalidades que encontro o prazer de viver.
Sou doce, simpática, diplomática.
Sou verdadeira, me expresso à minha maneira.
Falo as minhas verdades sempre que posso.
Possuo alto nível de tolerância e altos índices de tato para reclamar alguma coisa.
Acho que gostaria de mexer um pouco nessas quantidades.
Diminuí-las um pouquinho só.
Procuro conviver com o diferente, mesmo que no meu íntimo, não o aceite.
Sou simples. Sou sensível. Sou humana. Sou indecisa. Procrastinadora.
Talvez influenciável. Um pouco só, às vezes.
Carrego comigo valores dos quais sou incapaz de abrir mão: respeito; honestidade; hombridade; lealdade; senso de integração; espírito de harmonia.
Sou eu mesma. Ao meu estilo.
Sou autêntica. Não me repito.

E tenho dito!

By, M@riBlue

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Um dia você estará do outro lado...

Certa manhã de domingo ela sai de casa dirigindo seu possante (um carrinho popular, parcelado em suaves prestações para pagar a perder de vista).
Foi à feira pela segunda vez naquela manhã em missão doméstica: comprar frutas e legumes a pedido da mãe. Como tem pressa, vai achando um jeito de estacionar naquela ‘muvuca’ que é a feira, gente passando, feirante gritando, flanelinhas espreitando, criança, cachorro, barulho, correria, calor e movimento. Tinha já achado uma vaguinha que parecia reservada para si e acelerou na direção da mesma.

Imagem fonte:

Acontece que outro veículo atravessou na frente em sentido oposto empatando-lhe a passagem. Até aí tudo bem, só que um terceiro elemento cismou de querer passar para o outro lado criando um impasse em forma de ‘T’. Havia pouco espaço para dois carros ali, imagina para três!
Ela resolveu abrir espaço recuando um pouco. Engatou a ré de seu carrinho popular e o deslocou por alguns metros. Era gente passando, feirante gritando, flanelinhas espreitando, criança, cachorro, barulho, correria, calor e movimento. Ela, agoniada com o calor, queria só sair dali o quanto antes, quando ouviu apenas o barulho seco e a buzina do motorista opositor tentando fazer com que ela parasse o veículo. Um pouco tarde.
O seu ‘possante’ tinha encostado na traseira de um quarto veículo que estava estacionado ali perto. Afff!
Não bastava aquela gente passando, feirante gritando, flanelinhas espreitando, criança, cachorro, barulho, correria, calor e movimento, agora ela ia se ferrar! Desceu do carro transpirando mãos e pés, suando frio. Veio um cidadão alto e forte perguntando: ‘não viu meu carro, não, moça? E ela franzina e mirrada: ‘vi não, moço, tava prestando atenção no outro carro ali’ e o altão: ‘não viu?! um carro dessa cor?!’ (o possante dele era amarelo Ferrari; pensa!...). E ela: tô te falando, moço, tava no ponto cego aqui...’e ele foi dando a volta no carro e olhando o estrago.
E ela foi recuperando as forças, dando a volta no carro e reparando que, para sua sorte, não tinha amassado nada! Só um arranhãozinho na pintura. Ufffaaa!
Daí que o grandão disse: isso sai com um polimento (...); mas você não enxergar um carro dessa cor! (...).
Daí que ela se desculpou e voltou pro seu ‘possante’. Ainda era gente passando, feirante gritando, flanelinhas espreitando, criança, cachorro, barulho, correria, calor e muito movimento. Mas agora ela nem queria mais estacionar, queria era ir embora. Os outros dois carros, os do ‘T’, já tinham vazado...rapidinho acharam meio de abrir caminho e passar! Ela agradeceu mil e uma vezes ao seu anjo da guarda (que pelo visto era mais forte, mais alto e mais bravo que o do grandão) e arrancou dali com o seu ‘possante popular’. Foi para casa e esqueceu o ocorrido.


Imagem fonte: http://prisaosemgrades.blogspot.com.br/2012/02/cuidado-com-meu-guarda-costa-1980-my.html

(...)
Dias depois ela tinha acabado de estacionar em frente à farmácia onde compraria uns remédios. Estava desligando o som do seu ‘possante’ quando ouviu um som seco e sentiu uma pancada na traseira do seu carro. Fechou os olhos por um segundo só, olhou pela janela do carona e viu um carro de cor preta parar na vaga ao lado, depois de atingir a traseira do ‘possante popular’. 
Ela só pensava em ver o estrago. Desceu do carro e acompanhou duas pessoas descerem do outro veículo. O motorista aflito, perguntou: ‘tudo bem aí’? ‘Bem, nem tanto’, pensou.
Mas de imediato se lembrou do incidente com o carro amarelo Ferrari. Deu a volta e percebeu que, para sua sorte, não tinha amassado nada! Só um arranhãozinho na pintura. Disse assim: ‘tudo, tudo bem (...); isso aí sai com um polimento’.
Então entrou na farmácia, comprou os remédios e foi para casa.
By M@riBlue.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Lista de Possíveis Soluções para os Cuidados com a Mãe

Recentemente eu e meus irmãos nos reunimos para decidir como cuidaríamos de nossa mãe idosa, na verdade nem tão idosa assim, mas debilitada pelo tempo e pelas lutas travadas em prol da vida e da sobrevivência. Refletindo sobre o assunto nasceu essa

Lista de Possíveis Soluções para os Cuidados com a Mãe

Tarefa delicada essa...
Juro que gostaria de listar uns sete, dez no máximo, itens que pudessem trazer de volta a alegria de viver da nossa mãe.
Infelizmente não sou capaz.
Só quero registrar que um dia desses aí qualquer eu olhei pro rosto dela e enxerguei: o tempo estava ali, implacavelmente marcado. Sem dó ou rodeio. O relógio já havia feito todas as suas voltas, todas elas.


Parei pra refletir e pra pensar em que momento foi que aquela ruga se instalou ali, em que dia aquele fio branco nasceu, em qual mês a magreza marcou presença, em que minuto a fragilidade se apropriou daquele corpo outrora tão forte e tão destemido.
Fiquei pensando em quantas vezes, em quantos momentos, em quais atos, omissões ou expressão da minha vontade eu tenha colaborado para a construção esse quadro tão angustiante e, por que não dizer, assustador.
Na verdade percebo, que não importa o que eu tenha feito ou deixado de fazer. O tempo é assim mesmo. A ação dele na vida e sobre a vida é inexoravelmente determinante.
Mas voltemos aos fatos.
O fato é que a nossa mãe é uma mulher que está olhando a vida do alto dos seus 75 anos. Percebo que é um olhar de quem conhece. Mas é um olhar de quem já viveu, de quem já pelejou, de quem já sofreu um bocado.
É uma mulher que se anulou completamente em função dos filhos. É uma mulher que aprendeu uma única coisa na vida: CUIDAR.
Estar a serviço foi a coisa que essa mulher fez a vida inteira. O tempo inteiro. E o seu discurso e a sua ação e a sua fala foram sempre ao encontro dessa bandeira que ela levantou talvez por falta de opções.
Por isso ela sempre fez o que pôde. E o que não pôde. Para agradar. Para não desagradar.
E acho que nesse trilhar ela esqueceu ou abriu mão de algumas coisas importantes. Entre essas coisas, percebo uma, que agora faz toda a diferença. Acho que ela ESQUECEU DE SER FELIZ. Sinceramente, nem sei se ela sabe exatamente o que é isso, ou como se faz isso. Ou se tem direito a isso.
Sei que agora ela poderia estar muito bem, sentindo-se vitoriosa e aproveitando um pouco a pouca vida que lhe resta. Mas ACHO EU  que ela nem sabe como.
Acredito eu, honestamente, que o nosso papel de filhos nesse momento seja o de descobrir como ajudá-la a ser feliz. Perguntei-lhe um dia: mãe o que te faz feliz? Acho que ela não sabe. Nem nós. Mas podemos tentar descobrir juntos. E de que forma faríamos isso???
Simplesmente ouvindo com atenção e cuidado as suas vontades, tentando entender o que ela ainda quer da vida, deixando-a à vontade, e, principalmente, PERCEBENDO AS SUAS LIMITAÇÕES FÍSICAS E EMOCIONAIS.
Vai almoçar com ela? Almoçar fora, talvez ela não curta muito, não viu? A coisa que ela mais gosta é da casa dela. Vai lá em casa então. Chega bem cedo. Vai à feira com ela. Compra os ingredientes e prepara você mesmo uma refeição pra ela. Ou prepara uma refeição com ela.
Se não quiser ou não puder almoçar, passa no fim da tarde e vai à missa com ela. Tenha certeza de que ela vai adorar. Se não quiser ir à missa aparece em casa e se oferece pra rezar o terço com ela. Vinte minutinhos, no máximo, trinta. Mas o efeito poderá ser poderoso. Acredite! Ela vai gostar também se você levar as crianças sempre que puder, mas aquela passadinha rápida, pras crianças tomarem a benção e ganharem uns afagos. Tá suficiente. Aparecer de surpresa para um café, com o pão e os brioches na sacola, também fica bom.
Acho que ela só precisa mesmo é se sentir amada, querida, valorizada e reconhecida. Diariamente, cotidianamente, regularmente, constantemente, diuturnamente.
Acho que para isso não precisa grandes movimentos ou escalas revolucionárias, não.
Basta MANTER O INTERESSE NELA DA MANEIRA MAIS DESINTERESSADA QUE PUDERMOS.
Por que foi exatamente isso o que ela fez por nós a vida inteira.
Acredito que chegou a nossa hora de retribuir.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Framboesas e Reflexões...hummmm!



Há mais mistérios em colher framboesas do que sonha a nossa vã filosofia...

Framboesas da Chácara Anjos do Amanhã - by Mariblue

Há duas semanas tive uma experiência singular...colhi framboesas. 

Isso mesmo, framboesas!

Além da surpresa ao me deparar com um pé de framboesa antes nunca visto, ao reparar nas folhas me lembrei das saias plissadas do uniforme escolar da minha infância.

Ao escorregar minha mão para avidamente colher uma framboesinha que parecia sorrir para mim, ouvi um alerta: cuidado! Aprendi a minha primeira lição: NÃO PODEMOS ALCANÇAR DOÇURA E BELEZA SEM UM POUCO DE DOR. É que os espinhos nos galhos da planta são invertidos, espetando as mãos quando estão no sentido inverso, na hora de recolher a fruta.

Framboesas da Chácara anjos do Amanhã - by Mariblue.
Além disso, a framboesa não se deixa ganhar assim tão facilmente. Ela oferece certa resistência, exigindo um pouco mais força, mesmo parecendo tão delicada.

Entretanto, se fizermos muita força ela se desmancha. Assim aprendi a segunda lição: NÃO PODEMOS FAZER MUITA FORÇA PARA GANHAR ALGUÉM, OU ALGO; se o fizermos podemos magoar, machucar ou ferir a quem nos ama ou a quem amamos.

Em geral aquilo que é mais frágil ou que nos é muito caro ganhamos pelo jeito, pela atenção e pelo cuidado que lhe dedicamos.

by M@riBlue.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Me apaixonei por uma coruja



Fonte da Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Coruja-buraqueira


Incrivelmente passei a apreciar corujas depois que tive um contato muito intenso e prolongado com uma delas. Era uma dessas corujas buraqueiras muito comuns aqui em Brasília. Era uma tarde de domingo e eu havia feito minha inscrição para um concurso público. Meu foco de atenção para esse concurso era tão mínimo que, além de não me lembrar agora qual era o concurso, na época eu mal sabia  em que lugar faria a prova. Acabei indo para a Universidade de Brasília, por que 'achava' que havia lido em algum lugar e momento que faria prova por lá.
Fui de carona com mais duas pessoas que também fariam prova. Até aí tudo bem. Na UnB acessando a internet descobri que meu local de provas era outro (claro que não me lembro qual), muito distante de onde estava e, óbvio, não havia tempo hábil para me deslocar. Moral da história: acabei ficando por ali para esperar a carona de volta para casa. Estava na Ala Norte da UnB (quem conhece o Minhocão vai se situar). Saí dali e segui em direção ao RU (leia-se Restaurante Universitário). Era uma tarde de pouco calor, a temperatura estava amena. O caminho em diagonal para o RU tem além das estradas de cimento e das escadas, canteiros e áreas verdes, com direito a flores, árvores e palmeiras. Encontrei uma sombra boa próximo a uma escada. Ali me sentei. Poucos minutos depois notei que tinha companhia: uma coruja pousada sobre os galhos de uma árvore que tinha ali perto me chamou a atenção. Fiquei observando-a por alguns segundos e, para minha surpresa, havia outra coruja por ali. Essa estava no chão relativamente próxima a mim. Fiquei imóvel e passei a observar os seus movimentos. Eu havia me sentado no segundo ou terceiro degrau da escada, e procurei me sentar mais à esquerda para não atrapalhar quem por ali passasse. Observei que no cantinho do degrau havia terra vermelha remexida e esterco. Continuava a observar minhas novas amigas. Notei que elas giravam a cabeça inquietas, em giros de até 270º, achei aquilo muito curioso (nunca havia prestado atenção nesses seres tão fascinantes) e o que mais me chamou a atenção: aqueles olhões olhando tudo, tão rápido e tão intensamente. Foi aí que minha amiga no solo se aproximou um pouco mais. Tive medo de que ela fosse me atacar mas permaneci imóvel. Foi então que nossos olhares se encontraram. Quem já teve a oportunidade de reparar nos olhos de uma coruja vai entender o que senti naquele momento! Ela me fitava com aqueles olhos imensos e profundos, eu me sentia capturada, presa; refém daquele olhar. Não conseguia tirar o meu olhar do dela. A partir daí tive uma experiência de autorreflexão inacreditavelmente singular: trechos da minha vida, momentos marcantes, tristezas, dores, alegrias, perdas, amores, fracassos, decisões, problemas, sucessos e outros sentimentos vinham à tona com uma força e uma clareza desconsertantes. Comecei a repensar minha vida, algumas decisões recentes; tomei consciência de alguns medos, percebi erros. Chorei amores e perdas, reencontrei pessoas e revi a pessoa que fui em outros momentos da vida. Eu parecia hipnotizada por aquele olhar! Não posso precisar quanto tempo de relógio esse encontro místico durou (pelo menos 1h de relógio, sem dúvidas), mas sei que o tempo psicológico teve a duração de uma eternidade e até hoje tem reflexos na minha vida. Depois desse contato com as corujas comecei a me interessar por elas. Li que as corujas buraqueiras andam sempre em pares (o macho geralmente é monogâmico), cavam buracos para descansar ou construir ninhos e usam estrume para revestir o ninho (por isso o esterco perto da escada). Além disso, são relativamente tolerantes à presença humana (daí o longo tempo em que nos fitamos). Seus olhos são bem grandes, podendo inclusive ser maiores do que os seus cérebros, e elas possuem visão binocular (enxergam um objeto com os dois olhos, e tem visão tridimensional - altura, largura e profundidade).

Curiosamente, alguns anos depois de ter vivenciado esse episódio, me deparo o seguinte trecho de uma postagem em um blog:

"Na essência, a coruja vê o que os outros não vêem, e pode ter mais percepções a respeito de outras pessoas do que de si mesma. Mas mesmo assim, o poder desse animal pode ser 'utilizado' para que a pessoa desperte a capacidade de olhar para si mesma, em busca de uma visão mais íntegra a respeito de si, ou de aspectos que ainda permanecem obscuros e precisam ser vistos".




Incrível, né?
Agora é mais fácil entender porquê sou apaixonada por elas...


Ah, se vc quiser saber mais sobre as corujas:

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

As voltas que o mundo dá...





 
Curioso como a vida nos coloca em situações tão surpreendentes...

Hoje observando o Cerimonial da Guarda Militar para recepcionar autoridades estrangeiras no Palácio do Planalto me lembrei de uma época em que passava na porta dessa imponente edificação sentada no banco do carona quando calhava de ir com uma amiga em seu carro para a Universidade de Brasília.
Somando-se a tranquilidade e o conforto do deslocamento à variação da paisagem, o ponto máximo da viagem não era exatamente o momento em que chegávamos à Universidade, mas, quando passávamos na porta do Palácio e os soldados que faziam a Guarda estavam lá, a postos, inertes e enrijecidos tal qual estátuas. Lembro bem que os meus preferidos eram os Dragões da Independência.
Eles trajavam suas vestimentas com variações de branco e vermelho, usavam coberturas de cabeça com uma longa cabeleira negra, lanças pontiagudas e coturnos reluzentes ao sol. Meu prazer era, ao passar por eles, abrir completamente o vidro do carro, acenar e gritar um sonoro BOM DIA!
Fiz isso repetidas vezes sem esperar qualquer tipo de retorno, até que um dia um deles acenou de volta. Aquilo significou a glória para mim, pois jamais imaginei que algum deles fosse me cumprimentar! Até o final do percurso eu e minha amiga rimos muito do ocorrido.
Alguns anos depois (e aí está a graça da vida) posso ver o batalhão inteiro dos Dragões da Independência se posicionar para receber chefes-de-estado de outros países, estando eu do lado de dentro do Palácio do Planalto.
Descobri também, conversando com um desses imponentes Dragões, que muito provavelmente aquele soldado que me cumprimentou recebeu uma reprimenda ou punição, considerando que eles tem de ficar imóveis por um determinado período de tempo.
Confesso que a informação me causou uma rusguinha de preocupação, mas o que me deixa com a consciência em paz é que tenho a impressão de que aquele soldado sabia que minha intenção não era prejudicá-lo, mas simplesmente estabelecer um contato.


Se você ficou curioso(a) e quer saber mais sobre o Regimento de Cavalaria de Guardas clique nos links a seguir:

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Dias melhores virão...








Há tempos cinzentos, nebulosos...
Dias em que tudo é apenas contorno e sombras,
em que alguns males afligem o coração.
Entretanto, apesar e além de tudo, 
se esconde no mais íntimo do ser
a latente certeza de que dias melhores virão...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Catarse


Hoje quero me desprender de tudo aquilo que me paralisa. Quero assumir uma nova postura diante das coisas que ouvi, que vi, que vivi. Quero me livrar de toda a poeira que ficou impregnada em meus pés e não desgrudou, especialmente daqueles lugares onde não fui bem recebida. Quero me libertar de todos aqueles que tentaram sequestrar minha subjetividade. E eu mesma soltar as amarras mentais que me mantém refém de mim mesma. Quero ser o projeto original desenhado pelo Criador e não as alterações sem controle que querem fazer de mim. Construirei ao longo desses dias espaços e tempos de silêncios que me ajudarão a aprender a me amar e me dispor para o outro. Darei a cada dia passos mais firmes e seguros em direção à felicidade. Aprenderei a pontuar a vida da maneira mais serena e adequada. Exclamar quando houver espaço, indagar sempre que necessário, pontuar sempre! Ser cara de exclamação para aqueles que mais amo. Buscarei a facilidade para o perdão e não para o desamor. Prestarei mais atenção ao que sinto, expressarei os meus desejos. Serei cada vez mais dona da minha própria vida, do meu ser e responsável pela qualidade de vida que busco e mereço. Farei bom uso da mais fantástica ferramenta que Deus deixou que é o meu corpo. E o transformarei no melhor invólucro para a essência divina que nele habita. Quero reconhecer cada vez mais em mim a imagem do Cristo que sempre devolveu ao outro o que cada um é. Quero ter a alegria de me saber e de reconhecer que o outro também é. Amar o outro passa, inegavelmente, pelo exercício de amar-me. E é nessa empreitada que irei seguir. A passos largos e firmes, mas sem pressa. Com a calma e a convicção de quem conhece os próprios limites e sabe que a pressa pode ser prejudicial. E, quando achar que já estou pronta, quero ter a graça de descobrir que ainda falta algo, que ainda existirão traços a serem definidos e desenhados, mas que o resultado visível já apresenta contornos de uma sensacional obra de arte.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

De Ano Novo, Novo Ânimo, Ânima Nova...

(*,*)Respirando profundamente para inspirar as boas coisas que o ano novo quer trazer. Começo de ano, recomeço de vida... Para quem? Talvez para quem tenha a capacidade de perceber suas próprias dificuldades e mazelas e que tenha a coragem de buscar resolvê-las. Que o inspirar o novo, traga novo vigor às antigas atividades e ocupações. Que ventile e areje as relações. Que desopile e amenize as preocupações. Que o novo ano traga também novo ânimo. E renovados prossigamos todos conscientes dessa linda e desafiadora jornada que é Ser...(*,*)